A energia propulsora da criacao.
A energia que bos leva a lugares inacreditáveis, inimagináveis, inconscientes. A energia que nos faz ir tao longe, que nos tira de nós mesmos, que nós faz ultrapassar nossas barreiras. Essa é a energia que me move no trabalho, que me impulsiona a entrar em sala de ensaio, a acordar a cada quarta e a cada sexta e ver sentido em ser performer solo, apesar da solidao e da dificuldade...
Como descobrir essa energia no nosso corpo? Como disponibilizar o corpo a produzir, ou a trazer a tona esse tipo de energia? Como explorá-la, aproveitá-la? Como dominá-la, transformá-la em acao, codificá-la? Como recuperá-la, deixar que ela se transforme, como mantê-la viva e primordial apesar da repeticao?
O ensaio de ontem foi pontuado dessas questoes. Uma terceira improvisacao sobre as energias AOLESCENTE (agora também chamada de ROMANTICA) e ADULTA (ou DESILUSAO). A retomada da desilusao, como era de se esperar, nao veio com a mesma intensidade da semana anterior. Nao me preocupo, sei que ela estava lá, o mesmo aconteceu outras vezes (com a VIUVA, por exemplo) e ela nao perdeu sua forca expressiva por causa disso. Mas uma pergunta ficou: Uma nova energia em improvisacao é sempre tao intensa porque ela nos surpreende e nos mostra um lado de nós mesmos que nós nao conheciamos (e consequentemente, sua retomada, mesmo que dotada da mesma qualidade de trabalho, nunca vai ser tao intensa, pois se trata da busca do conhecido)? Ou é apenas uma questao de plenitude, uma nova energia só surge porque estamos plenos, inconscientes, multifocados, e a sua retomada é um mero processo de um corpo minimamente consciente? O domínio de uma energia traz sua forma primaria de volta (e a resposta me vem com um enorme NAO, ela pode encontrar novamente sua intensidade, mas a partir do momento em que ela ganha forma e sentido ela se torna outra coisa, tem um outro grau de expressividade)
Estou filosofico. Deve ser um tipo de distracao porque ontem nao fui tomado, possuido, ontem possui, tomei, determinei o caminho. Estive consciente o tempo todo (com as vantagens e os problemas disso). Estive no comando. Pude perceber coisas com clareza, que me ajudam a definir algumas estruturas, ao mesmo tempo nao tive a intensidade de antes. É parte do processo. É o momento doloroso em que algo tao precioso se torna banal, pra que possa se transforma e encontrar um novo sentido. Nao acredito em teatro improvisado, ainda que trabalhe com frequencia com a idéia de improvisacao em cena. A energia primordial da criacao é tao fundamental quanto inscipiente. É um momento, nao um resultado. Mas os passos seguintes sao sempre dificeis, como se a cada vez eu tivesse que reaprender a andar.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
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