quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Ensaio 31 de outubro

Se quarta-feira passado foi o dia do criador, ontem foi o dia do arquiteto, do observador...
Nao que tenha sido ruim, muito pelo contrário, mas sinto que ontem meu olhar estava mais atento, selecionando pequenas coisas, percebendo possibilidades de dramaturgia, entendendo o funcionamento das energias... Foi um dia de clareamento em muitos sentidos.

O trabalho com a lua foi um pouco frustrado pela ausência do bastao, o que atrapalhou minha vontade de codificar algumas acoes antes da improvisacao. Resolvi por causa disso investir no trabalho das passagens lentas, investigar essa descoberta de uma outra densidade, encontrar um fluxo diferente em meu corpo. Pode funcionar, mas sinto que ontem ainda foi pensado demais, que eu tinha que buscar o fluxo com frequencia, que ele nao acontecia o tempo todo e naturalmente, que de alguma forma eu o obtinha, o mantinha por algum tempo, mas acabava por perdê-lo. Sinto que eu tenho que me perder no tempo, que eu tenho que trabalha-la num longo período pra que eu possa compreende-la melhor. E se perder no tempo é dificil quando você está sozinho e tem uma sala por tempo limitado, e tanto pra fazer...

A retomada da viúva foi melhor do que eu esperava. Claro que nao tinha o vigor da primeira improvisacao (mas nunca o teria), claro que em alguns momentos eu buscava retomar o que tinha acontecido, mas especialmente na primeira passada de ontem eu senti um novo fluxo. Depois, voltaram alguns dos vicios anteriores, a energia se enfraqueceu um pouco, ou se transformou, mas eu sinto que o que fiz na semana passada está aqui, que nao está perdido, e que pode ser trabalhado e ganhar forma.

A donzela, feita a seco como eu me propus, também teve suas qualidades. Sinto que nao consegui manter a energia até o fim da improvisacao (até porque estava fisicamente esgotado nesse momento), mas que no momento em que ela aconteceu, ela aconteceu bem... Tenho ainda medo de representar demais, as vezes acho por outro lado, que acabo contendo um pouco da expressividade por causa desse medo. Ainda nao compreendo o limite, talvez porque a energia nao esteja totalmente incorporada (curioso, nunca tinha pensado sobre essa palavra)

Planos para a semana: tomar tempo para codificar acoes com bastao. Na quarta, trabalhar mais intensamente sobre a donzela, a viuva em segundo plano, e fazer a lua a frio.

Nenhum comentário: