Bastante tempo sem escrever...
Na verdade, estou em um período indefinido do trabalho, em que os rumos nao parecem tao claros, e ao mesmo tempo sinto que é um momento de tomar decisoes, de fechar, de concretizar, mas que eu de alguma forma nao estou conseguindo dar esse passo. É difícil tomar decisoes polêmicas quando você é diretor e ator, porque você tem sempre a impressao de que os impulsos que segue sao contraditórios. Acho que é isso que eu tenho sentido agora. Contraditório. E isso nao tem ajudado o trabalho em sala de ensaio. Quando trabalho com cenas separadas, sinto que a intensidade do trabalho e a investigacao de detalhes estimulam meu lado performer e treabalho bem, quando tento concretizar o todo, minha insatisfacao de diretor toma conta e eu nao consigo encontrar a mesma densidade. Sinto que é hora de buscar a forma, mas nao sei se a forma significa a forma que eu ja tenho ou a busca de uma nova forma, uma definicao clara de um rumo, de um objeto concreto de trabalho. Tenho medo de fazer o básico "espetaculo de ator", cheio de momentos intensos, e com uma dramaturgia e uma encenacao capengas. Nao é isso que eu quero. Eu estou buscando um equilibrio entre encenacao e interpretacao, mas ao mesmo há uma década de insatisfacao como performer que me carrega tendencialmente a dar preferencia pra esse lado da minha personalidade. Por isso esse momento é tao dificil, porque é o momento em que o diretor tem que falar mais forte e organizar tudo, dizer "isso nao é bom o bastante", "isso é bom mas nao serve", "isso combina melhor com isso", etc., independente das vontades do ator. Sinto que talvez fosse hora de trabalkhar mais fora da sala de trabalho e menos em sala. As vezes sinto que entro na sala sem saber exatamente o que buscar, repito coisas que já fiz, me aprofundo em coisas que nao sei se vou usar...
Pensei em encontrar uma escritora brasileira pra tracar um paralelo com a Else... Nao sei, pode ser que seja bom, pode ser que seja fuga... Mas me daria novamente um foco concreto para o trabalho.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Ensaios 01 e 04 de julho
A primeira semana de ensaios depois de Halle...
Confesso que eu estava mais preocupado do que excitado. As duas semanas com a Dani foram extremamente produtivas e interessantes, depois de muito tempo eu trabalhei com parceiros de trabalho em um projeto no qual acreditava, em um tipo de jogo no qual eu me sentia a vontade, criei relacoes interessantes, reativei esse meu lado como performer que estava há muito tempo adormecido. Mas... Como seria voltar? A estar sozinho? A nao ter regras nem comando?
Nos dois dias a sensacao foi muito parecida. Um comeco dificil (na terca mais forte, na sexta já um pouco atenuado), em que eu prolongava indefinidamente o alongamento e parecia que nada de útil ia surgir. De repente, eu entrava no trabalho criativo e meu corpo explodia. Rapidamente, sem necessidade de muito aquecimento ou pensamento, simplesmente porque as coisas já estao lá, claro que elas precisam ser provocadas, claro que há muito material bruto ou inadequado, mas foi muito bom perceber a facilidade com que me envolvo e mesmo com que consigo encontrar as energias e deixar que elas se transformem, jogar com elas.
Na terca trabalhei mais com momentos isolados, tentei um pouco retomar as sensacoes da improvisacao com o tecido, experimentei a cena do Garbage, retomei as imagens do Klimt. Na sexta, tentei trabalhar com sequencias mais longas que incluíssem esses momentos. O Garbage me parece funcionar de forma simples. Encontrei uma energia intensa, ainda estou escorregando um pouco em como transmití-la em movimento sem tornar ela igual a uma das outras. Com o tecido se definem dois momentos bem fortes. Um de brincadeira com a leveza e com a ideia de voar, que ao meu entender pode ser combinado com a energia da donzela (hoje eu experimentei e funcionou bem, inclusive ajudando essa passagem delicada da libertina para a donzela). O segundo momento, no chao e a imagem da freira, ainda sao um pouco mais complicados pra mim. Eles poderiam existir de forma independente, mas nao sei se sao interessantes o suficiente, por isso ontem resolvi experimentar a freira combinada com a viuva, e cheguei à conclusao de que poderia funcionar, devo provavelmente trabalhar mais profundamente sobre essa ideia na semana que vem.
Fica ainda a grande dúvida, quanto mais eu avanco no processo de formatacao: como eu devo proceder? Devo aceitar minha tendencia a criar encenacoes mirabolantes ou aceitar os problemas que eu tenho e tentar incorporá-los em uma encenacao simplificada?
Confesso que eu estava mais preocupado do que excitado. As duas semanas com a Dani foram extremamente produtivas e interessantes, depois de muito tempo eu trabalhei com parceiros de trabalho em um projeto no qual acreditava, em um tipo de jogo no qual eu me sentia a vontade, criei relacoes interessantes, reativei esse meu lado como performer que estava há muito tempo adormecido. Mas... Como seria voltar? A estar sozinho? A nao ter regras nem comando?
Nos dois dias a sensacao foi muito parecida. Um comeco dificil (na terca mais forte, na sexta já um pouco atenuado), em que eu prolongava indefinidamente o alongamento e parecia que nada de útil ia surgir. De repente, eu entrava no trabalho criativo e meu corpo explodia. Rapidamente, sem necessidade de muito aquecimento ou pensamento, simplesmente porque as coisas já estao lá, claro que elas precisam ser provocadas, claro que há muito material bruto ou inadequado, mas foi muito bom perceber a facilidade com que me envolvo e mesmo com que consigo encontrar as energias e deixar que elas se transformem, jogar com elas.
Na terca trabalhei mais com momentos isolados, tentei um pouco retomar as sensacoes da improvisacao com o tecido, experimentei a cena do Garbage, retomei as imagens do Klimt. Na sexta, tentei trabalhar com sequencias mais longas que incluíssem esses momentos. O Garbage me parece funcionar de forma simples. Encontrei uma energia intensa, ainda estou escorregando um pouco em como transmití-la em movimento sem tornar ela igual a uma das outras. Com o tecido se definem dois momentos bem fortes. Um de brincadeira com a leveza e com a ideia de voar, que ao meu entender pode ser combinado com a energia da donzela (hoje eu experimentei e funcionou bem, inclusive ajudando essa passagem delicada da libertina para a donzela). O segundo momento, no chao e a imagem da freira, ainda sao um pouco mais complicados pra mim. Eles poderiam existir de forma independente, mas nao sei se sao interessantes o suficiente, por isso ontem resolvi experimentar a freira combinada com a viuva, e cheguei à conclusao de que poderia funcionar, devo provavelmente trabalhar mais profundamente sobre essa ideia na semana que vem.
Fica ainda a grande dúvida, quanto mais eu avanco no processo de formatacao: como eu devo proceder? Devo aceitar minha tendencia a criar encenacoes mirabolantes ou aceitar os problemas que eu tenho e tentar incorporá-los em uma encenacao simplificada?
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