quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Ensaio 24 de outubro
Mais de uma vez nesse diario escrevi que o mais dificil de um projeto solo é perder a consciencia, deixar-se levar pelo fluxo, descobrir coisas novas e, especialmente, inesperadas...
Hoje, enquanto eu executava um caminho em alta resistencia, o meu corpo tomou vida própria... Repentina e intensa surgiu uma energia forte, vibrante, totalmente nova e fora de controle... Longe do que eu buscava e do que eu esperava. E de repente a viuva se transformou, nao pude me segurar as pequenas coisas que tinha, deixei-la fluir a partir dessa energia, e o resultado foi emocionalmente muito forte. Se eu consigo voltar a ele? Se nao vou bater na necessidade da forma? Questoes pros proximos ensaios. O que sei é que hoje redescobri um prazer de impürovisar sem objetivo, ou melhor, de descobrir os objetivos durante a improvisacao. De ser conduzido pelo corpo, de ser tomado por uma outra lógica, de se perder, de se esquecer... Vazio e tensao, dor, muita dor, nennhum tipo de sublimacao. Mesmo o carinho, mesmo a lembranca, é tensa, retorcida, agoniada...
O workshop do final de semana me fez bem. Muitas vezes digo que descobrimos uma energia atraves de seu oposto, e talvez isso tenha acontecido. A decepcao, a sensacao de nao me encontrar naquele trabalho talvez tenha me tornado mais claros os meus valores. A minha busca. Nao acredito em coincidencias, e nao acho que foi por acaso que exatamente hoje meu trabalho deu esse salto... A decepcao do final de semana, a crise de ontem, tudo virou energia de trabalho, tudo virou energia criativa... É bom quando isso acontece, quando parece que mesmo as frustracoes nao sao em vao...
Outras notas, pra nao esquecer apenas: retomada da donzela, finalmente comeca a se configurar uma energia clara. A nova música, mais lenta, ajudou na improvisacao, mas o mais importante foi a calma e a insistencia em reduzir o movimento e reencontrar a essencia. Sinto que preciso fazer isso agora com a lua. Primeiro reencontrar a densidade do tempo lento, pra que as explosoes se configurem. A logica da dramaturgia pode funcionar, mas nao fluiu como na semana passada. Uma idéia: codificar as acoes de bastao (mesmo que seja para retira-lo depois disso)
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Ensaio 17 de outubro
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
The company of Wolves (Angela Carter)
Well… I do think, tonight, on such a night, that I should wear nothing but my skin, for why should I go clothed when the poor wolves outside do not…
My skirt… my blouse… one stocking… two stockings… on to the fire! What a blaze!
Oh, hush and be quiet, Granny, while your granddaughter entertains your visitor!
There. See? All my clothes burned up. Oh, sir, your eyes – what a big eyes do you have - they are watering! Are you in pain? Can’t you bear the bright light?
Oh, sir, don’t turn your head away… not from a poor girl like me. Or is it the firelight has got into my skin, too? Do I blaze, sir? Am I to bright for you, sir?
What is it, sir? Is it that you are having some difficulty turning into a wolf, sir, because I’ve had my clothes off first? Is that it?
Oh, fine gentleman, fair is fair. If I am to go naked, then you must go naked, too. Let me unbutton that shirt for you… Don’t struggle, now… what does my mammy say, “Let’s skin the rabbit, but this rabbit has fur underneath his skin…
What a big arms you have. There… put them around me… there…
I do believe, since you got here before me, that you owe ma a kiss.
What big teeth you have!
There we are… lay your head in my lap, there… your great, grey grizzled head… let me scratch your lovely ears, you can hear the clouds move, can’t you, you can hear the grass grow, such sensitive ears, so quick of hearing… and I can see the lice move on your fur, poor beast…
And I shall pick the lice out, would that be a kindness to you…
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Ensaio 10 de outubro
Fora isso, a ideia de concentrar o trabalho em uma energia foi bom. Depois de um energético (o primeiro depois de ? meses) em que eu mal segurei cinco minutos, meu corpo acendeu. A Lua veio com a forca que tinha originalmente, dominou o espaco, criou um novo tempo. Fora da realidade, como tem que ser. Preciso ainda trabalhar a precisao. Preciso ainda encontrar o limite do feminino dentro de uma energia mais forte. Mas é bom encontrar alternativas fora de um padrao. É bom vao que as alternativas vao se ampliando, vao se definindo, que as energias encontram sua especificidade.
Tenho dois meses até dezembro, preciso lidar com a ansiedade de um lado, e o comodismo de um outro. Dificil vida de performer solo.
terça-feira, 2 de outubro de 2007
Ensaios 28 de setembro e 02 de outubro
Na sexta eu estava preso ao chao, enraizado, os movimentos precisos e fortes como atempos nao tinha. Foi quase difícil fazer a transicao pras energias femininas. Hoje nao, hoje foi tudo mais leve, a donzela surgiu da danca dos ventos, flúida, alegre...
Descobrir as novas faces desse feminino. Eis a tarefa que me proponho agora. Fugir do que meu corpo já conhece, abandonar o movimento confortável das omoplatas e cintura e buscar as situluzas que compoe essa energia. A Lua se mostra cada vez mais fria, cada vez mais forte. Sem perder um pingo de feminilidade. Poder pesquisar os limites. Ultrapassar os limites é a unica forma verdadeira de encontrá-los. Nao querer ter um caminho antes de ter se perdido. Isso é o mais dificl
Se perder sozinho.
Se perder sem a confianca de que alguem outro está te guiando...
Se perder pelo prazer de se perder...
Sem medo
sem confianca...
sem pensar...
deixar que o corpo seja mais forte do que eu